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24 dez

Por: Bruna Stella

Família reunida, mesa farta, presépio, árvore decorada, presentes e sentimentos de união, paz e fraternidade. Assim é o Natal, uma data que revela a solidariedade e estimula as boas ações. Mas será que todas as pessoas pensam dessa maneira? Não!

Tem muita gente que não suporta as festividades natalinas e as justificativas são diversas. Por exemplo, alguns dizem que o Natal não deveria ser comemorado no dia 25, já que não é o dia oficial do nascimento de Cristo. Para outras pessoas está é uma data puramente comercial e que o espírito de solidariedade e união são falsos, porque, durante os outros 364 dias do ano, se preocupam com suas próprias vidas e não dão a mínima pelo que ocorre no mundo.

O intuito desta matéria é colocar em pauta o outro lado do Natal. Enquanto muitos passam esta época do ano correndo atrás dos presentes e preparação da festa, conversamos com quatro jovens que não vêem a mínima graça em comemorar a data.

!ObaOba – Qual o significado do Natal? Por que não comemorar?
Rubens Eduardo: O dia 25 de dezembro, pra mim, significa mais um feriado do calendário e não comemoro porque esta data é um culto à hipocrisia e ao capitalismo porco e selvagem.

Eduardo: O Natal sempre significa a mesma coisa, presentear, ser mais caridoso, renovar laços afetivos. Não gosto desta data, pois acho uma hipocrisia você ter uma dia estipulado para fazer tudo isso. O ano todo e em todas as horas, você deve presentear quem você ama, reunir a família, e ser feliz os 365 dias, não só no dia 25/12. Fora isso, tem o conceito primário, o nascimento de Cristo, não sou cristão e acho que mesmo sendo não deveria haver feriados religiosos. Imagina se fossemos parar para todos os feriados islâmicos, budistas e afins.

Ana Carolina: O Natal significa uma data comercial muito bem sucedida, assim como o dia das mães. Ele deixa de ser motivo de comemoração e passa a ser motivo de troca de presentes pela pressão sufocante da mídia que influencia a comprar.

Juliana Hashimoto: O natal hoje significa que vou trabalhar mais. Não existe mais magia em dizer que se vai comemorar o natal!

!ObaOba – E qual é o mito que você diz?
Ana Carolina: Existem outras comemorações no dia 25 de dezembro, que foi uma data escolhida agregando valores de outras culturas. As pessoas já realizavam diversas comemorações mesmo antes do nascimento de Cristo, como homenagem ao deus persa Mitra e até cultuar o deus grego do vinho, Dionísio.Tudo isso, porque caem aproximadamente na época do solstício de inverno do hemisfério norte (quando o sol começa a fica mais tempo no céu). Mas, quando o cristianismo começou realmente a crescer, esses festivais passaram a homenagear somente Jesus, e não outros deuses.

!ObaOba – O alto índice de comercialismo no Natal é uma afronta à religiosidade que inspirara a data?
Rubens Eduardo: Com certeza. Jesus nasceu em berço humilde, ensinou a caridade e o amor ao próximo e ensinou a liberdade, mas preferimos ser escravos do consumismo e dinheiro.

Eduardo: A data do Natal já é motivo de questionamento para o nascimento de Cristo, pois qualquer historiador sabe que o dia 25/12 é mera figuração. E motivos religiosos possuem o mesmo intuito do comercial.

Ana Carolina: Em toda e qualquer data festiva há comercialização de algo, mas se torna uma afronta a partir do momento que esquece o motivo, e passa a ser troca de presentes do dia 25 de dezembro. Conheço famílias de ateus que dão presentes de Natal aos filhos, afinal, como você vai explicar para uma criança que assiste televisão que a opinião religiosa da família difere da veiculada na TV, e por isso não vai ganhar presente como a maioria das crianças?

Juliana Hashimoto: Eu não diria afronta, e sim que hoje o Natal é apenas comércio.

!ObaOba – O que fazer na noite de Natal, além da comemoração tradicional?
Juliana Hashimoto: Eu durmo. No meu ponto de vista é uma noite comum.

!ObaOba – E quanto a família, concorda com esse tipo de opinião?
Rubens Eduardo: Os mais próximos entendem e respeitam a minha opinião, mas preferem fazer de conta que é possível conviver só com o que chamam de “lado bom do natal”.

Eduardo: Não, mas respeitam. Assim como respeito a opinião deles sobre gostar do Natal.

Ana Carolina: Concordar não concordam, mas respeitam e entendem meus motivos.

Juliana Hashimoto: Concordam. Os japoneses não têm o costume de comemorar natal desta forma.

!ObaOba – O que mais detesta no Natal?
Eduardo: Figura do Papai Noel, música natalina e a hipocrisia cotidiana do mês de dezembro, o mês que todo mundo é bonzinho.

Ana Carolina: As situações que são impostas, por exemplo, amigo secreto de uma empresa, imagine a seguinte situação, se você tira uma pessoa que não gosta e não conversa o ano todo?

Juliana Hashimoto: Odeio como as pessoas se comportam diante do real motivo de comemoração e junto com a hipocrisia, a ponto de cometer erros o ano inteiro e acharem que no Natal tudo será perdoado.

Rubens Eduardo: A hipocrisia de milhões de caridosos por um dia. Com doações a todos. Parece lindo, não? Mas será que estas pessoas carentes precisam de ajuda somente no natal?

!ObaOba – Mas isso não é o espírito da época, em que todos estão passando?
Rubens Eduardo: Eu acho que estas pessoas, tanto se preocupam em fazer boas ações no natal, só as fazem por terem suas consciências cheias de culpa por não ajudar ninguém o ano inteiro. É fácil ser assim: basta passar o ano inteiro ignorando o menino sujo do farol, do qual tem medo de ser assaltado, e no final do ano, engana a própria consciência com um presentinho de natal, comprado na lojinha de R$1,99.

!ObaOba – Qual a importância do Natal para a humanidade?
Rubens Eduardo: A humanidade é muito heterogênia, mas podemos dividi-la em 3 grupos: os cristãos comemoram o nascimento de Jesus, que mesmo sendo Deus veio Á Terra como homem para salvar o mundo; os não cristãos, o natal não tem qualquer importância; e para os que pensam serem cristãos, o natal é a data de fazer compras, praticar a gula, beber até vomitar, sentar no colo do papai Noel e, de vez em quando, lembrar de um tal Jesus, a quem devem ser gratos por mais um feriado no calendário.

Eduardo: Nenhuma. Em qualquer país que não se comemore o Natal não há diferenças entre a população, economia, nada.

Ana Carolina: O Natal faz a humanidade comprar mais, gastar mais, importar e exportar mais, um giro de capital incrível.

Juliana Hashimoto: Nenhuma. O natal hoje é apenas uma fuga do real, as pessoas saem pra comemorar numa festa, enchem a cara, falam suas verdades e no final passam um ano inteiro fugindo até o próximo “show” de natal.

 
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Publicado por em dezembro 24, 2011 em CRÍTICAS

 

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